sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Uma rosa no escuro

Então, ela chega e me consome
Chega sem aviso e sem nome.
Nego, renego, sossego, fico cego
Mas sozinho novamente me pego

Descendo do céu aos guetos
Buscando nas ruas, nos becos
Atrás de algo que não conheço
Sem um guia, sem um endereço

Sigo então essa rua sem fim
Que diz tão pouco pra mim.
Cansado, arrastando meus ossos
Faço meu caminho nos destroços

Luto, reluto, fico de luto
Mordo o podre do fruto
Cuspo no primeiro momento
Desejo, volúpia e arrependimento

Mas logo saboreio o azedo da fruta
Agora sem mais nenhuma luta
Percorro os labirintos do inferno
Passo a conhecer os salões internos

A passear nos ermos mais escuros
Trago comigo a consciência dos impuros
O medo daquele que vai ao combate
E a sutileza noturna de um covarde.

domingo, 18 de setembro de 2011

Última estação

A cada instante me espanto
O sonho perdido pelos cantos
O grito que ecoa no beco
Um estampido que soa a seco

O tempo escorre pelos dedos
O uivo, o torpor e o medo
Um zumbir na madrugada
Uma criança desamparada

O corre-corre dos sapatos
Um carro no asfalto
A luz que ofusca
O corpo que ali ocupa

O colorido no chão
O espesso esparramado
O leite chorado
E a última estação

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Tempo dissecado

Tu não vês o futuro do presente
Nem o presente que o futuro reservas
Esqueces de perto o passado que sente
E esperas do momento lembranças eternas

Juras que sonhas com o pretérito e futuro
Futuras do presente o que não te permite
Lanças um olhar pedinte por trás do muro
Do presente triste lutas e ainda insiste

Com isso perde-se no tempo
Contrariamente teimoso e insano
Tempos esses passados ao relento

Numa esquina fria, num recanto
Onde acendiam velas e adoravam santos
Em noites idas, escorridas e desatentas.

HamilQueiroz

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Libertação

A cada instante me reinvento
Todo instante, perco, encontro, tento...
Vejo uma nova comunhão, não aquela,
Essa é sem sangue, sem corpo
Ainda que tragam o sangue
Ainda que tragam o corpo
Ainda que traguem o corpo
Tudo ficou para trás
Leve, frio e morto
Não importa o momento da razão
Mas o porquê e a convicção pertinente da decisão
Em vômitos, essa luz eu sigo
Seja ela o sol, um lampião...
Ah, vomitei-te tarde
Mas a tempo de sentir
O doce na boca e o amargo no estômago
Ficam na lembrança as gargalhadas lacrimais
O colorido da catedral e seus vitrais
O olhar feliz do aprendiz de feiticeiro
Os saraus de Mallarmé e seus convidados
Eros, Sócrates, Vinho, psique,
Gide, haxixe, Rimbaud, Narguilé.
E nesse turbilhão de ideias, pensamentos...
Eu, a cada instante me reinvento.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Passeando Perdidamente Pelo Pensamento

Pronto! Parei, pensei perdidamente pasmo, planeei pensamentos Puramente puritanos. Percebi, paguei penas pesadas pelos pecados, pelos pensamentos Postos. Pratiquei providências primordiais, privilegiadas para presente. Pior, Parei perseguido pelo Pontífice, pelo próprio Papa Pio. Poxa! Pacificamente preguei pela paz. Posso proclamar? Posso? Pois perceba: paciência, paz, puteiro, pedreiro, proclamação, percepção, pardieiro, penetração prevenida, permissão para passear pelo parque, privilégio para poucos. Pobreza posta para população; pragas, percevejos, pestes, pixote piolhento pedindo pão, partidos-partidos, perambulando, perseguindo povo, partido proletário perseguidor, partido pós-proletário, partido pedinte, partido prostituta, pluralidade perversa. Pacholas Plutocratas punguistas, Populistas patifes, parasitas pandilheiros. Poucas palavras, poucas perdigotas palmeamos palatinos Prodigalizadores Pompeantes, pregando, perjurando pelo palco, promessas pífias, panacéias. Pão-picadeiro, povo padecendo porém, povo pacato. Perplexamente perguntei: Perpetuará poder? -Possivelmente. Pasmo, puto, procurei pela paciência, protestei, preguei placas pelas paredes, pichei. Parem! Precisamos pensar posteridade próspera para população. Povo, precisamos perscrutar, pleitear, pelejar, permanecer parado prevalecerá Podridão, Picaretas permanecerão pelo Poder,Pqp.
HamilQueiroz